
Início do século XX. Não era um bom período para ser um operário. As idéias de Frederick Taylor vigoravam nas fábricas. Cada funcionário era uma peça que deveria render lucros à empresa através da alta produtividade. Sem direitos. Sem reconhecimento. 12 horas de trabalho diário.
- Eu prefiro as borboletas mais claras. E os líquenes.
Manchester, Inglaterra. As borboletas Biston betularia podiam ser claras ou escuras. Antes da poluição causada pelo uso da máquina a vapor, as claras se camuflavam nos troncos das árvores e entre os líquenes. As escuras eram facilmente capturadas pelos predadores. O mundo dá voltas até mesmo para as borboletas. Com a Revolução Industrial, os líquenes se extinguiram, a fuligem recobriu os troncos das árvores e eram as borboletas claras que dançavam agora. Talvez um bom período para ser uma Biston Betularia escura.
- Esqueça.
- Esquecer o quê?
- As borboletas claras, os líquenes. Os casacos de lã que eu costurava e te dava de presente no seu aniversário. O tempo que tínhamos para respirar ar puro. O ar puro. As viagens que sempre fazíamos. O seu braço direito que aquela engrenagem invalidou.
- O que quer dizer com isso?
- Viva a sua nova vida e aceite as mudanças. É hora de aprender a apreciar as borboletas escuras.
- Eu nunca vou apreciar a natureza de luto.
- Que se dane você e sua nostalgia.
- Não chore. E me desculpe por ser um marido inválido que não pode nem te abraçar direito.
3 comentários:
A humanidade e suas ré-voluções.
Como vc tem sido, menina?
Eu tenho sido o que posso.
que texto forte.
final...sem palavras
;
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