Um rapaz. Um rapaz saudável, não muito, mas saudável: alto, forte, bons dentes.
Não era chegado a esportes, gostava mais de ler, ver filmes e sair com garotas, bonitas ou feias. Bonitas, as amigas. Feias, as fáceis. Feias as que ele usava para alimentar o ego.
Parece crueldade, mas não - as amigas eram bonitas, seja por dentro ou por fora, mas principalmente por dentro; e as feias eram irremediáveis.
Ele cantava quando estava sozinho. Guardava o segredo da bela voz.
Um dia estava dormindo sozinho em casa, sentindo um calor dos infernos, quando começou a chover. Espontaneamente - quase involuntariamente – tirou toda a roupa do corpo e foi se refrescar com a chuva que caía. Na rua. Um rapaz nu na rua, às duas horas da madrugada.
E quando a chuva parou, ele começou a cantar.
“Chuva, chuva! Chuva, chuva!”
E quando ele parou de cantar, começou a chover.
Uma epifania. Choveu porque eu cantei ou a já ia chover de qualquer maneira? A minha voz é mesmo bela ou eu acredito nisso porque nunca me disseram o contrário?
Eu não sei, e nem me importo.
2 comentários:
Narciso se tornou belo aos olhos dos outros quando ele se convenceu da própria beleza.
muita calma nessa hora!
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