
Eu sempre fui problemática com essa coisa de fazer novas amizades em um ambiente novo. Eu vejo todo mundo se juntando em grupos, interagindo na maior afinidade, enquanto eu fico meio deslocada só observando. Essa é uma característica que me faz diferente. Não é que eu não fale com ninguém, mas sei lá. Parece que as pessoas gostam de pertencer umas às outras e, pra mim, eu sou de todo mundo. Todo mundo é de todo mundo.
Se a atividade é em grupo, são sempre os mesmos grupos. Se é em dupla, sempre as mesmas duplas. E se alguém decide mudar, é motivo de confusão, de chateação, de explosões nucleares e mortes de crianças tailandesas.
Mas quem sou eu pra dizer alguma coisa? Também procurava sempre as mesmas pessoas. Eram sempre as mesmas pessoas, e quando vi que elas não estavam mais lá, percebi que teria que encontrar outras. Só que eu sempre fui problemática com essa coisa de fazer novas amizades em um ambiente novo, e dessa vez não está sendo diferente.
Minha mãe é minha mãe. Um anjo. Eu fico com saudades dela porque saio de casa antes das 7 e chego depois das 18. Mas quando estamos juntas são só risos e diálogos confortantes.
Minha avó me disse bem assim: “eu admiro você porque você sempre me dá atenção, tá sempre sorrindo, nunca me trata mal”. Eu sei que eu sou assim só com ela, aquela coisa mais linda do mundo. Minha avó faz eu me sentir a gentileza em pessoa e eu queria ser bem do jeitinho que ela pensa que eu sou.
Paola, nem sei mais dela. De Teo, que antes era Theo – mas brigou com o H -– menos ainda. Ritinha é de de vez em quando, Any de muito raramente, Haissa de encontros rápidos lá na UESC, Matheus de coincidências, Raphaela de nunca mais. Lucas está metido à químico, Mateus é aquela coisa. Minhas primas, tão ocupadas quanto eu. Matheus Borba sempre foi o esporádico, mas é uma delícia conversar com ele e talvez se ele fosse o freqüente não seria tão bom. E tem o Rafa.
Hoje eu assisti uns vídeos do Wagner Moura, porque eu adoro o Wagner Moura. E quando eu olhei pra ele, pensei: “ele é gente”. Um cara que fazia Comunicação na UFBA e acabou optando por ser ator, que montou uma banda chamada “Sua Mãe” com colegas da faculdade, um baiano que curte rock inglês e Reginaldo Rossi. E depois de pensar que ele é gente, eu pensei: “quanta gente existe no mundo!”, são bilhões de gente.
Quanta gente existe, e eu, assim como os outros, reduzo o meu círculo de convivência a uma quantidade mínima de pessoas. Muitas vezes nem estou interessada nas outras bilhares, porque só aquela quantidade mínima de pessoas certas me basta. E se eu não fosse conhecer mais ninguém? Aí eu chego em casa, meio cansada, meio fugindo da chuva e meio desviando das poças de água na calçada. Acendo a luz e lá na mesinha do aquário avisto um envelope amarelo. Eu sabia que era coisa do Rafa. Fiquei descalça, sentei no sofá e abri desajeitadamente a correspondência. E se eu não fosse conhecer mais ninguém? Não importa. A pergunta que importa é “Quem eu sou para as pessoas que me conhecem?”. E o que elas fariam por mim? Não é no sentido de cobrar a ninguém, mas é uma questão pessoal mesmo, quase de auto-ajuda. Daí chega a cair uma lágrima insistente, e bate aquela vontade de xingar. O meu amor é grande demais, caralho.
Um comentário:
"Não se assuste pessoa, se eu lhe disser que a vida é boa"
Sim, grande pra caralho.
:*
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